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sábado, maio 28, 2005
 

THE BRITISH DON´T NEED AN ELEVATOR FOR A LIFT

Quando o Super-Homem precisa dar um conselho moral para que o Batman não faça a coisa errada, 1) há alguma coisa estranha acontecendo, 2) deve-se agradecer ao Super-Homem, 3) o Cedê anda escrevendo demais esses números com fecha-parênteses em trabalhos para a CUP.

***

Descobri, por um aleatório acaso, que estão acabando as garrafinhas coloridas da promoção Tudo de Vibe da Coca-Cola. Se alguém tiver algumas, favor entrar em contato.

***

OK, nada muito interessante hoje, não há lá muito tempo. Porém, links interessantes!

1) Magali falando "scrumptious":

www.monica.com.br/ingles/comics/mudou/pag3.htm

2) Fascinante blog da Malásia:

http://iroatm.cjb.net/display.php?id=31

3) Quadrinhos com trocadilhos infames e super-heróis:

www.proudrobot.com/hembeck/hawkgirl.html

4) Mais sobre Putin, outro carta-branca da Lídia brasileira:

www.midiasemmascara.org/artigo.php?sid=3618

5) Indispensável artigo sobre desarmamento:

www.midiasemmascara.org/artigo.php?sid=3706

***

Muito obrigado e até a próxima.
 

Peixes:
segunda-feira, maio 23, 2005
 

TUDO DE VIBE

Perdi minha carteira.

Eis uma vida que, se eu não fosse apaixonado por tudo o que faço, seria bastante ingrata. Com agenda apertada e um zilhão de coisas para fazer, ainda surgem os imprevistos para garantir maior overflow ao meu schedule (isto me lembrou aquele pagode do brunch com approach).

Pois segundos depois de ter descido do 2004 nesta segunda-feira, dei falta de minha carteira. Ela escorregou do meu bolso e só percebi com os pés na Antônio Carlos, o ônibus já a dezenas de metros de distância.

Não foi muito agradável. Digamos que subitamente eu parei de sentir frio. E minhas roupas ficaram bastante molhadas.

Inda assim, corri em direção ao ônibus, apenas para constatar que realmente seria impossível alcançá-lo. Saquei o celular, disquei 190. Chama e não atende (olha que perigo!). Numa revendedora de carros ali pertinho, vejo um carro preto da Polícia Civil. Ninguém dentro. Ligo de novo, atende um Coronel ou Capitão com um sobrenome qualquer. Explico pra ele a situação, ele diz que devo ver com a companhia de ônibus. OK, eu não queria mesmo.

Há um ônibus verde parado no semáforo. Me aproximo, o motorista abre a porta. Vejo o número de telefone acima do pará-brisa, agradeço o motô, me afasto do ônibus, ligo. Relato o acontecido para uma voz anasalada. Ela fala qualquer coisa de número de ônibus. Não tenho nenhum número de ônibus, insisto, só sei que é o 2004 que acabou de passar na UFMG. A mulher continua falando de número, meu senhor. Olha, eu não tenho nenhum número, só sei que é o 2004. Meu senhor, ela diz bem resoluta, tou falando do número da linha 2004 que eu posso te passar. Ah, finalmente entendi: ela quer me passar um número, não perguntar pra mim. OK, fala. Arrã. Mais um número pra minha memória de curto prazo. Aperto o botão vermelho no celular, meus dedos digitam o número freneticamente, botão verde. Explico a situação prum cara. Ele está na cabine, no ponto final do ônibus. Ahn. Ele diz que o carro deve chegar dentro duns 10 ou 15 minutos. Arrã. Que vai checar o ônibus quando ele chegar. OK, obrigado.

Longos minutos se passam. Minha nossa, tirar segunda via de tudo aquilo, já imaginou? Perder o Press Pass e mais algumas lembrancinhas que estão lá dentro. Ticket, dinheiro, vales de cantinas e restaurantes. Sem falar na própria carteira. Putaquepariu, trazer essa notícia pra casa. Odeio ser culpado. Odeio trazer más notícias.

Ligo de novo. Acharam? O ônibus chegou. Ligue em 2 ou 3 minutos que a gente vai ver.

Espero 4 minutos. Não toleraria um erro acidental.

Acharam? Achou, achou. Vem pegar. Ele se recusa terminantemente a dar o endereço de forma simples e concisa. Com muito custo fala o nome da avenida, mas insiste que eu pegue outro 2004 e pronto. É o que faço. Uma pena que eu não faça a mínima idéia do trajeto do ônibus depois do ponto em que desço. Consumo longos e quentes minutos andando. Pelo menos acharam a carteira.

Vejo um 2004 subindo uma longa e íngreme rua. É tarde demais para pegá-lo, mas eu subo na esperança de que outro passe. É o que acontece logo depois. O bondoso motorista pára o carro, completamente vazio, num local completamente fora de qualquer ponto. Explico a situação pro trocador e ele diz que beleza.

O ônibus faz um longo e tortusoso trajeto que passa por uma bela vista da Lagoa da Pampulha.

Finalmente, estaciona perto de uma cabine branca. Chego lá. Me apresento ao homem que está no guichê. Ele me entrega a carteira... esperançoso, eu a abro... vazia. Limparam minha carteira.

Claro, os documentos ainda estão lá. Identidade, a suadíssima CNH, o CPF, carteira da PUC, Unimed, Press Pass, tudo. Mas nem sinal do Ticket, e nenhum dinheiro... não, espera. Pegaram as moedas grandes, mas deixaram 40 centavos. Claro, senão aí sim seria sacanagem. Também deixaram os anéis laranjas de latas de Coca-Cola e os vales de cantinas e restaurantes. Ufa, menos pior.

Explico pro motorista gente boa que não vai dar pra pagá-lo. Ele diz que tudo bem. Chego pro motorista do 2004 que vai partir no sentido contrário e peço carona. Ele diz também que tudo bem, desde que eu entre pela porta do meio. OK.

Perdi toda a minha aula de Teoria da Comunicação, mas ainda consegui presença e também descobri solidariedade na minha sala da UFMG, o que - francamente - me surpreendeu. De uma boa maneira, claro.

***

Terça-feira. Semana só começando. Mato aula de manhã para ler textos necessários para fazer um trabalho. Mato aula à tarde para fazer o trabalho em si. São catorze horas e na maior placidez e serenidade digito linhas no Word. À noite já está planejada: farei com meu grupo o Power Point para apresentar um trabalho na quinta.

Ou não. Meu trabalho é interrompido pela vibração do celular. Susto.

"Cedê, o trabalho é hoje. Vem pra CUP correndo."

Putaquepariu!

Quanto tempo tenho até o horário de apresentar? Uma hora, mais ou menos. No way que posso confiar no 4111! Vou pegar um circular que pare no cruzamento da Amazonas com a Contorno e de lá alguém me pega de carro. Combinado.

Mantendo a serenidade, saio de casa e ando pela Contorno. Numa rápida entrevista com um motô, descubro que não é qualquer "SC" que pára no cruzamento que eu quero. Que bosta. Ando vários quarteirões até aparecer um "SC01". Ao contrário do que eu pensava, eles não circulam a Contorno. Eles adentram por onde bem entendem. Eu heim.

Desço no cruzamento. Acho um Chevrolet que penso ser o do Igor. Me aproximo, mas ele se afasta. Não era ele. Hmmm...

Um Ford Fiesta preto sobe a Amazonas buzinando alegremente. Arrá.

Entro no carro. Eis ele: Igor Vidal, o Lanterna Verde. Há poucas horas, ele estava em Londres. Sério mesmo. Veio voando.

"Novamente o trabalho nos une, Lanterna".

"Pois é, Batman".

Enquanto avança com desenvoltura pelo pesado trânsito amazônico, Lanterna conta de suas aventuras londrinas. Às 15 e pouco, Mulher-Gavião me liga. "Chegamos em três minutos", digo.

Chegando lá, deixo minha pasta na sala de aula e rumamos pra sala multimeios do prédio de Geografia, onde será a apresentação.

Nervoso, cansado, ofegante, reviso minhas anotações e sento-me para a apresentação do trabalho.

Nunca vi slides tão lindos.

O trabalho é um sucesso. O professor adora. Major high. Maior barato.

Só mesmo com uma equipe de super-heróis.

***

Mas aí eu descubro que perdi minha pasta.

***

Ela simplesmente tava na mochila do Castor. Ufa.

***

Passei a madrugada de terça para quarta terminando o trabalho que foi interrompido por essa coisa de super-herói. Às 5:15, termino o trabalho que é pra ser entregue 9:30.

E na noite dessa quarta, com as pálpebras pesadas, jogo o bom senso literalmente pro espaço e vou ao cinema: oportunidade imperdível de pegar a estréia mundial do Episódio III.

E que filme!

A expressão de dor de Mestre Yoda, a destruição hipercarregada de significado do Senado Galáctico, Obi-Wan e Padmé tendo o coração arrasado por Anakin, a beleza de Kashyyyk, a trágica Ordem 66, a entrega dos bebês Luke e Leia para seus lares, mestre Yoda frenetizando com seus would-be executores... tudo é deslumbrante. OK, a atuação não é lá essas coisas. Mas o filme é muito bom.

E tudo por quatro Reais.

***

A quinta eu matei aula nas duas faculdades para 1) dormir! e 2) estudar pra temidíssima prova do Fronofre na sexta.

***

Na sexta eu fiz a prova do Fronofre. Precisa de mais? Saí com a mão suada, doendo e vermelha.

Ah, eu fui num certo evento social também. Mas este blog não é diário.

O evento produziu uma boa comparação: Teoria II não é difícil, o problema é que o Fronofre. Como Poções: não é difícil, mas é o Snape quem dá.

Entenderam?

***

E a sua semana, como foi? "Ah, foi legal"? Pois é. Já imaginava.
 

Peixes:
quarta-feira, maio 11, 2005
 

POTENCIALMENTE O MUNDO

A agenda está cheia. Muito, muito cheia. Felizmente, para cada três ou quatro porções de tarefas, há uma idéia, uma contradição, um apontamento, uma anotação, um trocadilho, uma piada, um inquérito.

Uma dieta balanceada.

Mas não pensem que minha vida está saudável. Oh não.

***

Eu ia escrever hoje sobre o relativismo moral vigente e as reclamações contra o sistema de Alinhamentos do Dungeons & Dragons.

Mas hoje na FAFICH eu senti o guevarismo onipresente de maneira tão sufocante (chega a deixar-me sem querer debater, o que é muito difícil, quem me conhece sabe) que resolvi compensar com mais uma contradição desses kucinkistas. Sim, porque todo faficheiro que estude Comunicação¹ é inevitavelmente odiador de Veija e seguidor fiel dos ensinamentos de Bernardo Kucinski (e se não sabe quem é, concordaria com tudo o que ele diz).

Vejam bem².

Numa aula de Macroeconomia na CUP, nosso ´fessor nos contou um caso. Um amigo dele foi dar uma palestra no Nordeste sobre eficiência e produtividade, como melhorar os resultados da empresa, essas coisas. Falava com conhecimento de causa: ele era um empresário que tirou do vermelho e pôs no topo do mercado uma companhia pra lá de combalida.

Ao final da palestra, uma situação terrivelmente embaraçosa: um dos ouvintes se levantara e falara que ali no Nordeste não precisavam de nada disso. Quando as coisas vão mal, simplesmente chamam seus representantes na Câmara e no Senado e eles baixam leis para resolver os problemas. Simples e direto. O caudilho até mencionou nomes.

O empresário palestrante não sabia onde colocar a cara.

Uma história terrível, certamente. Inda que ela não seja totalmente verdadeira³, ela poderia perfeitamente ter acontecido: se o coronér (que também é empresário, lembrem-se) não falou tudo aquilo, pode perfeitamente ter pensado (e certamente pensou**).

Olha que coisa feia, gente! Esses coronér tendo seus interesses servidos pelos políticos! Ais elite dominando o nosso povo e a crasse trabaiadora!

Mas pensando bem...

... tudo isso não passa de MAIS um argumento para que o Estado NÃO intervenha na Economia? MAIS um motivo para tomar medidas que ACIRREM a concorrência entre as empresas? MAIS um motivo para ser LIBERAL?

Pensem nisso.

***

Este post é dedicado a um dos meus melhores amigos, que faz anos hoje; outro dos meus melhores amigos, que defende amanhã o Brasil na International Public Speaking Competition; e a uma certa garota que anda muito estressada e não merece, ´tadinha.



¹COF! COF! Social.

² Vi numa crônica da Revista da Web! há muito tempo* que um dos autores tinha um amigo que dizia que excluía da categoria "inteligente" qualquer um que começasse uma frase por "veja bem". Desde então, venho evitando "veja bem". Mas que besteira essa minha.

³ Pensando sem meus botões, porque o pijama que estou usando não tem nenhum, indago-me: pode uma história ser totalmente falsa? Pelo menos às Leis da Física muitas delas obedecem.

* Como
não existe há anos, este "há muito tempo" é meio pleonásmico.

** Eu ia escrever "o fez" em vez de "pensou", mas isso criaria ambigüidade: o "o fez" é de "pensou" ou "falou"?
 

Peixes:
domingo, maio 08, 2005
 

ENTRE AS ESTRELAS TRÊMULAS

(ao som de Olavo Bilac - Ao Coração que Sofre)

Muito se discutiu, nas semanas recentes, sobre o conservadorismo do único monarca eleito do mundo, o papa Bento XVI. Reclamou-se e acusou-se o papa de um monte de coisas. Até de nazista o chamaram. A conclusão, repetida inúmeras vezes, é aquela: o conservadorismo de Bento XVI é inadequado para os tempos atuais, chegando mesmo a ser perigoso. As posturas anti-abortistas, anti-homossexualistas, anti-planejamento familiar e anti-eutanásia da Santa Sé são vistas como terríveis obstáculos para a justiça *cof cof* social e uma sociedade mais *cof cof* humana e *cof cof* tolerante, com *cof cof* liberdade.

Ao coração que sofre, separado
Do teu, no exílio em que a chorar me vejo,
Não basta o afeto simples e sagrado
Com que das desventuras me protejo

( Cabe aqui um monte de coisas. Mas tecerei duas observações¹. Por isso escrevo: )

Estou longe de concordar com tudo o que Bento XVI pensa. E sou ateu e herege***. Mas cabem aqui duas observações.

Primeiramente, diante de considerações recentes que vieram à luz principalmente pela eleição do novo pontífice e pela leitura de certos textos, dentre os quais destaco "O Anúncio da Paixão", de Olavo de Carvalho², eu descobri uma contradição que exisitia nos meus próprios pensamentos. Ao mesmo tempo em que mantenho uma crença em valores absolutos que tomo como positivos (Justiça, Bem Maior, Honestidade, Liberdade, dentre outros), eu resistia na inabalável crença - expressa em vários textos deste blog - na constante aprimoração e refinamento das dissertações e idéias. Esta idéia é uma contribuição do meu aprendizado de Filosofia no Ensino Médio, e foi de fundamental importância para meu começo de formação como articulista (começo esse que ainda está em seu começo) e minha curiosidade em ler pensadores e articulistas pouco familiares para meu meio de colegial (leia-se, Olavo de Carvalho e dezenas de blogs). Segundo esta concepção, que mantive por mais de três anos e (em grande parte) abandono agora, devemos ter uma postura incansavelmente crítica e desconfiada - e isto significa aceitar que os ensaios, dissertações, pensamentos, considerações e idéias estão em constante refino e aprimoramento.

Ora, aqui temos uma contradição. Eu não posso manter essa postura ao mesmo tempo que rigidamente afirmo fé em vários valores sólidos. Eventualmente, ou a) eu abandono, substituo e/ou upgradeio os valores firmes ou b) refreio o instinto da crítica incansável for the sake desses valores, tornando-me um dogmático para mim mesmo. De um ponto de vista lógico, ambos os resultados são inaceitáveis³.

Não me basta saber que sou amado,
Nem só desejo o teu amor: desejo
Ter nos braços teu corpo delicado,
Ter na boca a doçura de teu beijo

Assim sendo, corrijo a contradição, e preferindo os valores à marcha progressista sem fim e sem limites - que está inevitavelmente associada à crença do progressismo na História, a concepções morxistas, e a relativismos perigosos - abandono a crença no constante aprimoramento das idéias, sem perder o instinto da crítica incansável. É possível manter-me reavaliando constantemente os valores sem que para isso eu deixe de considerar a possibilidade de que eles sejam, de fato, absolutos. É possível lançar esforços para constantes retoques em ensaios e elocubrações minhas sem deixar de considerar que alguns textos e sermões são obras-primas. E é exatamente isso que vou fazer.

Inclusive, eu vou fazer num texto futuro (que bubiça, se eu vou fazer, só pode ser num texto futuro) uma ilustração desse relativismo moral com base nos ataques ao sistema de Alinhamentos no Dungeons & Dragons. Não perca os próximos capítulos!

E as justas ambições que me consomem
Não me envergonham: pois maior baixeza
Não há que a terra pelo céu trocar;

Agora a segunda observação. A parte menos Filosofia e mais IR da coisa.

Muito me surpreende que as pessoas que consideram perigoso ou ao menos um obstáculo irritante o conservadorismo de Bento XVI não vejam ameaças no Presidente da Federação Russa. Se existe um conservador perigoso que seja realmente a) conservador e b) perigoso, esse um é certamente Vladimir Vladimirovich* Putin**.

Ele afirmou em 25 de abril: "Temos de reconhecer que o fim da União Soviética foi a maior catástrofe geopolítica do século.” Acusado de várias práticas anti-democráticas, ferrenho jogador da Realpolitik, silenciador e opressor da imprensa, beneficiador de oligarquias e nomenklaturas, Putin se revela mais um saudosista da Guerra Fria - à moda de tantos e tantos faficheiros. Em vez do conservadorismo da vida (que é o que o catolicismo is all about, afinal), o conservadorismo do socialismo. Qual é o mais perigoso? Como já dizia o próprio Stálin:

"The Pope? How many divisions has he got?"

Bem, o papa tem uns tantos rapazolas suíços. A Rússia tem 960 mil soldados, gastos militares de 14 bilhões de dólares anuais, seis distritos militares, quatro frotas, 40 mil toneladas de armas químicas e cerca de 8.500 armas nucleares em condições operacionais.

É, esse alemão do Vaticano é mesmo perigoso! ****

E mais eleva o coração de um homem
Ser de homem sempre e, na maior pureza,
Ficar na terra e humanamente amar.

ESTA COLUNA NÃO TERIA SIDO POSSÍVEL SEM A INESTIMÁVEL E SAGRADA WIKIPEDIA, QUE NOS FORNECE OS DADOS DESEJADOS EM POUCOS CLIQUES.


¹ Na verdade, cada observação é formada por (e pressupõe) várias observações. As observações unidas, porém, formam elas mesmas uma observação - da mesma forma que um conjunto de instituições forma uma instituição (conforme Nicholas Onuf).

² Estas frases poderiam ficar muito mais simples de se entender e mais agradáveis de se ler se eu tivesse escrito assim: Descobri uma contradição que existia nos meus próprios pensamentos. Esta descoberta veio de considerações recentes que vieram à luz, principalmente, pela eleição do novo pontífice e pela leitura de certos textos. Dentre esses textos, destaco "O Anúncio da Paixão", de Olavo de Carvalho.

Quanto ao texto, é encontrado em olavodecarvalho.org/semana/050402globo.htm

³ E conforme o Prof. Eduardo Soares Neves Silva, o que valida a lógica é o mesmo que valida a matemática: ou seja, nada :-D

* Parece zoação mas não é. Ele realmente se chama Vladimir Vladimorovich Putin.

** Paródia à recorrente construção: "Se existe alguém que ..., então esse alguém certamente é..."

*** Embora uma certa garota me considere um "católico que ainda não saiu do armário".

**** Se bem que, devido a uma aposta de que o papa seria italiano, perdi dois Reais. Enquanto Putin não arrancou - de mim, ao menos! - até hoje um único centavo. Em termos morxistas de que a economia determina todo o resto, Ratzinger é de fato mais perigoso que Putin!
 

Peixes:
quarta-feira, maio 04, 2005
 

AS JUSTAS AMBIÇÕES

(ao som de Olavo Bilac - "Benedicite")

Fervilhando de idéias. Eis aqui algumas tentativas de desenvolvê-las.

Bendito o que na terra o fogo fez, e o teto
E o que uniu à charrua o boi paciente e amigo;
E o que encontrou a enxada; e o que do chão abjeto,
Fez aos beijos do sol, o oiro brotar, do trigo;

A universidade brasileira vive hoje um mito gravíssimo: o mito da universidade como espaço de debate. Têm-se a noção de que os campi são lugares de discussão e debates aprofundados, entre mentes que compôem a elite intelectual do País - arenas de entrechoques ousados que orientam as ciências e a filosofia nesta modernidade.

Tudo mentira. Baboseira.

A universidade brasileira é marcada, moldada, determinada, orientada, e se pensa e se vê com um único quadro de referências, uma única maneira de entender o mundo: a cultura marxista. Fim de papo.

Eis provas.

Na sexta-feira última, dia 29, assisti na CUP uma palestra sobre o direito trabalhista e a proteção das crianças. A palestrante falava feliz e orgulhosa da lei brasileira, que condena o trabalho para menores de 16 anos. A lei ela considera avançada e moderna, inclusive por estabelecer uma idade maior que a de vários países - na verdade, a maior do mundo.

Fiz a ela uma pergunta. Perguntei se, já que nos Estados Unidos não existe idade mínima para trabalhar, e sendo lá o trabalho visto como forma de aprendizado e amadurecimento ainda em tenra idade, se a lei nossa não passava de demagogia.

Ela respondeu. Da forma mais guevarista possível.

Mantendo a calma e sem vociferar, disse que as leis devem se adequar às realidades sociais de um país. E que os Estados Unidos possuíam uma cultura "capitalista" e "individualista". Ela não explicou porque esses adjetivos eram negativos. Isso ficou como auto-evidente - certamente para ela, e ela com certeza tinha as mesmas expectativas da platéia.

No final, a premissa era simples: a lei deve proteger as crianças do trabalho. Isto não precisava de dicussão, nem mesmo com o exemplo tão gritante da maior economia do mundo não tendo legislação específica para isto. No Brasil o pensamento é este: a realidade (*cof cof*) social deve ser modificada pela criação de leis. Simples. Nada funcional.

Não apenas nossas leis são formuladas por demagogos, mas são apoiadas e têm os valores nos quais se baseiam difundidos e fortalecidos por eles. Não apenas as regras são eles que fazem, mas nossa própria compreensão do que é certo e errado e de como devemos corrigir as coisas estão nas mãos deles.

Mais um exemplo. Hoje, quarta-feira, 4 de maio, auditório Sônia Viegas, UFMG.

Uma longa (e divertida, e bastante frutífera, na verdade) palestra sobre a construção da imagem dos políticos pela Lídia¹. Ao final, perguntas. Espaço para a velha e aporrinhadíssima sessão de pancadas no grande demônio da Lídia brasileira: a Veija. Um professor que até então parecia bastante razoável em suas exposições sobre o papel dos jornalistas nas campanhas eleitorais dispara outra das obviedades burras. A Veija é "capitalista" e "neoliberal". Isto, claro, é ruim. E Carta Capital, apesar de tendenciosa, é boa. Por quê? Porque nos faz a digníssima boa vontade de avisar a todos de sua tendenciosidade!

Ora, se a Veija estampasse com clareza sua orientação política, seria redimida de todos os seus pecados, na visão dos guevaristas? Mas é claro que não! Inda assim, a ética do "dois pesos, duas medidas" permanece uma máxima no quadro de referências da Universidade brasileira.

E isto sem que sequer conteste-se a afirmação de que a Veija tenha uma orientação política at all. Num debate com uma professora de Comunicação no semestre passado, tive a oportunidade de coletar provas concretas contra várias das teses de Bernardo Kucinski, guevarista-mor que posa de investigador sério do jornalismo. Uma delas é a de que a Lídia brasileira é de direita. Sem nenhuma dificuldade, posso coletar várias contra-provas que flagram a onipresença esmagadora do coletivismo, pró-MSTismo, abortismo, anti-republicanismo, anti-americanismo e anti-liberalismo como se fossem as posições mais naturais e equilibradas do espectro político. Mas é claro, não fui levado muito a sério. Todos sabem que a Lídia é de direita e dominada por oligarquias malignas; isto é um fato absolutamente incontestável e quem for do contra é ou 1) louco ou 2) reacionário. Provavelmente, é também nazista. Que todos aceitam como sendo da direita. É fato, não precisa de contestação.

Contestar é afirmar soluções do sécuo XIX e lutar contra "tudo que está aí". Ser crítico é ler Caros Amigos e Carta Capital. E ser universitário é poder participar do maravilhoso mundo dos debates aprofundados.

E o que o ferro forjou; e o piedoso arquiteto
Que ideou, depois do berço e do lar, o jazigo;
E o que os fios urdiu e o que achou o alfabeto;
E o que deu uma esmola ao primeiro mendigo;

Vi semelhanças, no filme A Intéprete, com a história do Zimbábue. A película conta com um ditador e país fictícios da África (um tal Edmond Zuwanie, duma tal República do Matobo), mas o jeito da coisa toda me lembrava a nação zimbabuense. ´Zoaram de mim.

Não deu outra. No Manhattan Connection do dia seguinte Lucas Mendes e Caio Blinder falaram sobre o filme ser caricatura / referência ao Zimbábue. E na mais sacra Wikipedia, vemos mais paralelos que fortalecem essa intenção. Diz-se que até o brasão da embaixada de Matobo foi baseado no brasão do Zimbábue. Ora, isso é verdade, eu lembro no filme de ver um pássaro no brasão da embaixada - e de fato é uma ave mui semelhante à criatura amarela que se encontra na bandeira zimbabuense.

Infelizmente, não há ainda nem sinal de que Robert Gabriel Mugabe, vilão sanguinário, persona non grata na União Européia, destruidor da liberdade expressão, massacrador da produção agrária, revanchista insano, primeiro e até agora único Presidente do Zimbábue, seja levado à Corte Internacional.

E o que soltou ao mar a quilha, e ao vento o pano,
E o que inventou o canto e o que criou a lira,
E o que domou o raio e o que alçou o aeroplano...

Tenho uma idéia boa, mas fica pra começar o próximo post. Quero impacto nela.

Mas bendito entre os mais o que no dó profundo,
Descobriu a Esperança, a divina mentira,
Dando ao homem o dom de suportar o mundo!



¹ Para os que ainda não conhecem: Lídia é minha maneira de substituir uma das palavras mais lugar-comum do mundo, aquele bode expiatório que nos ensinam no Ensino Médio. Recuso-me a escrever essa palavra, que rima com "Lídia" mas começa com "m".
 

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