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segunda-feira, maio 01, 2006
 

BRASIL

A ditadura do politicamente correto, transmitida mesmo em coisas inocentes como a educação de nossas crianças e os quadrinhos de Maurício de Sousa, gravou em nossas mentes - quase que de forma indelével - que a violência não leva a nada.

É custoso e dificíl, mas salutar, aprender que a violência resolveu e resolve uma quantidade incrivelmente grande de problemas, dentre eles a escravidão, o nazismo, o fascismo, o colononialismo, diversas atividades terroristas, e boa parte da taxa de criminalidade.

É difícil reconhecer, numa cultura tão forçosamente pacifista (e por isso mesmo tão tolerante e fomentadora de muita violência), que por vezes a violência não é o último recurso, mas a melhor dentre várias opções.

Neste tempo em que cartuns são enfrentados com bombas, é difícil mas necessário reconhecer que não podemos ser tolerantes com a intolerância. E que a diversidade cultural não pode ser colocada acima do reconhecimento de que, se alguns comportamentos são mais desejáveis ou melhores que outros, também certas culturas podem ser assim consideradas.

Neste tempo em que se promove a idéia de que "devemos sempre ver os dois lados da questão", devemos sempre lembrar que toda questão pode muito bem ter mais do que dois lados, e que - geralmente - as questões tem quatro, cinco, dez, vinte ou mais lados. A grande maioria deles traz um ou outro insight precioso. E está, não raro, terrivelmente errado.

Por estas razões, dedico este post ao Segundo Sargento Victor Menezes de Faria, brasileiro, pracinha, veterano da Segunda Guerra Mundial, falecido aos doze dias de abril de 2006, quarta-feira.

Meu avô.

***

Um blog não se atualiza sozinho. Por uns quarenta dias o DOIDIMAIS CORPORATION me mostrou isso.

Razões não faltaram. Abril foi um mês cheio. Nove dias só de Semana Santa. Pela primeira vez na história o blog não contará com um mês inteiro em seus arquivos.

Ainda assim, foi um mês bacana. Algumas coisas me explodiram na cara; aprendi muitas e muitas outras; tive dezenas de idéias para textos (muitas delas darão fruto, espero); conheci gente bacana; e finalmente teve lugar a segunda edição do modelo mais bombante do mundo, o TEMAS.

Phew.

***

Nós somos responsáveis pelas conseqüências de nossas ações.

Isto é tão incrivelmente aceito que sofre mesmo altíssimo grau de institucionalização: é juridicamente assim que os sistemas legais se comportam. Contudo, a idéia é extremamente limitada. É míope.

Você já parou pra pensar nas conseqüências das conseqüências das suas ações? E nas conseqüências destas?

O clichê do efeito borboleta, como todos os clichês, nos convida a evitar a pensar em coisas realmente interessantes. Mas é fato que certas coisas incrivelmente fascinantes que ocorrem em nossas vidas só foram possíveis por causa de alguns fatos simples e bobos, sem que houvesse nenhuma carga de intenção por parte dos (possibilit)at(d)ores originais.

Querem UM exemplo?

SE o Feldman não fosse um cara tão incrivelmente insistente e (no bom sentido) chato, não teriam acontecido em minha vida um sem-número de coisas muito boas (e algumas chatas), porque eu não teria ido ao MONU 2004....

Se eu não tivesse ido ao MONU 2004, eu nunca teria ido a Manaus e o Congresso de Vestfália do TEMAS não teria a Jana como Diretora, ou talvez não tivesse mesmo acontecido porque sem ela a gente não teria tido acesso ao JSTOR; e portanto o Comitê poderia ser tão ruim que abalaria um monte de coisas; e se o Comitê não ocorresse eu não teria mandado e-mails pra Anuschka;

... além disso, eu não teria conhecido a Mariana Ricci, e portanto eu não teria ido ao MONU 2005 (que eu disse que só ia se tivesse hospedagem grátis), e portanto não teria conhecido as pessoas bacanas que estavam em Campos do Jordão;

.... e then again, tudo isto só foi possível não por causa apenas da insistência do Feldman, mas porque os calouros da PUC-Minas que inicialmente seriam Reino Unido no CSNU desistiram de última hora. Se tivessem desistido outros calouros (que iam para outros comitês) a história poderia ainda ter sido extraordinariamente diferente.

PORTANTO, em última análise, a irresponsabilidade de dois calouros permitiu que um monte de coisas absolutamente incríveis e fascinantes acontecessem na minha vida. A verdade é que nós deveríamos de vez em quando pensar melhor antes de fazermos as coisas mais simples e bobas, porque elas desencadeiam longas seqüências de eventos cujas repercussões ultrapassam em muito a imaginação mais ousada. Temos em nossas mãos um poder muito maior do que pensamos - a cada vez que atravessamos a rua, esbarramos em alguém, conversamos, apertamos um botão, oferecemos um copo de café. Isto não é misticismo, é mera observação laica dos fatos. É evidente que isto não pode levar a um livro de auto-ajuda. Não estou professando porra nenhuma. Este incrível poder em nossas mãos não pode ser controlado. Está ao sabor de fatores muito mais complexos dos o que podemos apreender ou prever.

Mas o fato permanece de que o mundo é infinitamente misterioso e interessante, e novamente sendo forçado a usar um clichê fedorento, há males que vem pra bem.

Pense nisso.

***

Encontrei a seguinte anotação minha num texto xerocado:

"Assim como Ode to Joy (de Beethoven) é prazeroso mas pesado, também o amor exige movimentos firmes e um grau de maturidade além da infantilidade light-hearted".

Whoa. Elaboro isso outro dia.
 

Peixes:
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