JAPÃOHoje é 15 de fevereiro.
Hoje o DOIDIMAIS CORPORATION completa dois anos.
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O post não tem imagem por enquanto; estou em Brasília e neste PC não tenho o Hello. Mas pra quem 1) freqüenta este blog e 2) lê títulos, a imagem é óbvia, nem requer muito esforço de imaginação. Inclusive, esse negócio de ler títulos é uma questão pertinente, porque é fato que quase ninguém lê os títulos das historinhas da Turma da Mônica. Talvez eles nunca estejam proeminentes o suficiente.
E falando em Turma da Mônica, eu sempre recomendo as
historinhas da Turma em inglês, especialmente as do Chuck Billy, que ficam muito mais hilárias com o sotaque redneck (note como
esta e
esta história começam com a mesma frase).
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Um abração pro Iago, que faz aniversário hoje.
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Em tempo:
Syriana é confuso e nos ensina que no final rola corrupção pra todo lado. Não explora todo o potencial RIístico que tem, e é cheio de discursos e fatos Almanaque Abril ("nossa, é igual o PNB da Albânia", etc.)
E
Memórias de uma Gueixa é um filme bonito, mas não é lá muito comovente nem nada. Vale pra mostar a verdade sobre os japoneses: todos eles são um bando de nazistas com quatro filhos.
Peixes:
ESPANHASummer Jam é pro Underdog Project o que
I Saw Her Standing There é pros Beatles. É a faixa 1 do álbum 1. É a primeira das primeiras. A capa da coletânea. A manchete, a primeira colherada, aquilo que segue de imediato a terceira batida de Moliére.
Isto nos mostra
duas coisas.
Primeiro: ambos começaram muito bem. E com músicas cuja letra é fácil de se identificar. Quem não foi em algo que não passava de uma festa de verão? E quem não conheceu uma garota de dezessete anos que não dançaria com outro e cujo olhar era
way beyond compare (ou era a dita garota)?
A segunda coisa eu não tenho a mínima idéia.
Eu salvei o começo deste post aqui no Blogger mas aparentemente ou ele não salvou tudo ou eu abandonei o texto justamente na hora mais errada. Eu não faço mais
idéia qual é a segunda lição a ser derivada. Talvez ela me volte à cabeça em algum momento no qual eu ouvir uma das músicas, ou talvez ela tenha se perdido para todo o sempre em algum momento cosmicamente único da mais pura inspiração.
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Ninguém entende as mulheres.
Mas isso fica prum próximo post.
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Num mundo de liberdade de expressão, tanto maior o triunfo daquilo que sobrevive ao deboche. Com efeito, é extraordinário que com tanta avacalhação e zoação há tantos e tantos séculos, ainda sobreviva qualquer instituição neste mundo: casamento, formaturas, aniversários, esportes, escola, Medicina, Advocacia, Política, festas de fim de ano.
A figura de Maomé seria tão mais impressionante se sobrevivesse num cenário de caos e niilismo, no qual nada escapa das críticas mais infundadas e do humor mais rasteiro. Enquanto o direito de se sentir ofendido permanecer nublado pela agressividade aos hereges, enquanto a intolêrancia triunfar sobre a fria impassividade e o queixo empinado dos cavalheiros diante de gentinha debochada, tanto mais brilhará a figura de Jesus Cristo, pois Ele enfrentou - sem violência -
A Vida de Brian.
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Já defendi aqui a idéia de que os grandes intelectuais são aqueles que escrevem textos claros e sucintos, com pouca latitude para interpretações e "olhares". Assim, John Stuart Mill é melhor do que Rousseau, pelo simples fato de que o primeiro é perfeitamente compreensível e não vemos "leituras" muito divergentes; ao passo de que do francesinho cada um entende uma coisa.
De Morx então nem se fala. O alemão barbudo deixou uma obra intragável, que deixa de ser frutífera porque, em vez de serem depreendidos esforços para desenvolver suas teorias, são gastos dispendiosos recursos tentando inutilmente se chegar a um consenso sobre que diabos ele escreveu. O mesmo pode ser dito de Kant e Nietzsche, dentre outros.
Ora, teoristas e filósofos não são uns putos duns autores da Bíblia nem poetas simbolistas. Eles não são *supposed to* escrever alegorias para que pitonisas, sob o disfarce de professores universitários, inalem de suas obras a sabedoria oculta. Se quer falar algo, fala. Enrolar é o recurso dos picaretas para parecerem inteligentes - basta ver nos seus colegas de sala, ou em Marilena Chauí, Bernardo Kucinski e corja.
O David Ricardo escreveu uma tese que defende o livre comércio entre países EM QUALQUER OCASIÃO, até hoje irrefutada mesmo pelos mais conscientes e matemáticos esforços, em
doze páginas. O Fernando Henrique Cardoso nunca aprendeu isso, e o resultado nós vemos na educação brasileira - no Ensino Fundamental e no Médio, no público e no particular.
O John Mearsheimer faz uma puta teoria sobre o sistema internacional num livrím muito fácil de ler; todos os autores da Escola Inglesa escrevem de forma clara e concisa; existem artigos científicos muito palatáveis; e o Ruggie explica o mundo sem precisar parar pra fazer saborosas piadinhas, dando passos adiante enquanto desfere suas tiradas.
Mas eu ainda sentia necessidade de uma auto-desculpa, em dizer que os grandes autores davam margens a pequenas latitudes apenas - que de seus textos não podiam ser extraídos muitos sentidos. Acabei com essa viadage.
Tem muito texto bom que não dá margem a pequena latitude nem a poucos sentidos: deixa claro um ÚNICO E INEQUÍVOCO SENTIDO, sem margem para interpretações faficheiras. Sobre o significado do que o autor escreveu, não há constestação. Use seu tempo para ver se procede ou não; se é ou não pertinente; se é verdade ou não.
Mas se você gasta muito tempo tentando descobrir o que ele QUIS DIZER, não há outro diagnóstico: o cara escreve mal. O primeiríssimo sintoma do picareta. E fim de papo.
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Em tempo: com a idéia de que os tempos
lingüisticamente corretos abominam o gerúndio, Millôr Fernandes mais uma vez confirmou seu status de meu ídolo.
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Desde o 1º ano do Ensino Médio, na tenra idade de quinze, assinalei o compromisso inabalável de ser jornalista. Tendo em mim o gosto pela escrita, a paixão pela oratória, a luxúria pela crítica e a sobre-humana capacidade de falar bobagem, marquei como que em brasa minha vocação máxima da profissão mais antiga do mundo: distorcer a história.
Não foram poucos os esforços lançados nesse sentido. Dos idos de 2001 para cá, escrevi em um sem-número de revistas, jornais e jornalecos; produzi um livro inteiro de crônicas e dissertações; fundei não sei quantos blogs; fui chamado para entrevistas na tevê por duas vezes; fui editor-chefe de um jornal-blog universitário e sou agora de um livro em produção; tenho atualmente estágio pago em Revista científica.
Criei infindáveis personagens e autorei centenas de páginas de quadrinhos. Alguns deles, como José Umé, Xeque e Mate, Kill Billman e as Prostitutas Cibernéticas desafiam o devanescer da memória; outros ainda triunfam com êxito nas mentes e na boca do povo - dentre os quais destaco o emimente e saudoso Professor Vetusto Douto.
Fui responsável por incríveis golpes publicitários que ainda estão impressos na mente do povo, como o Desafio das Vinte; e por campanhas comentadas como a dos Vinte Anos de Crise. Inaugurei um sem-número de gírias e modas, e hoje tenho o blog mais influente do país: quando falo mal do Presidente Mula, imediamente seu índice de popularidade cai no Ibope; quando cesso, ele volta a subir. Não é segredo que o DOIDIMAIS CORPORATION vai determinar o desfecho das eleições deste ano.
E ainda assim, por mais inequívoco que seja meu compromisso com a incorruptível, ilibada e impoluta profissão de Jornalista, tenho de aturar SMSes insistindo...
"Mas e aí Cedê? Quando é que você vai largar a Comunicação?"
Peixes: