UZBEQUISTÃOA popularização dos programas de compartilhamento de arquivos tem dentre seus efeitos benéficos a educação dos
por fora, dos tapados.
Como eu.
Eu sou dos que não conhece nome de banda, não sabe quais bandas começaram em quais anos, não faz mínina idéia de nome de álbum, não liga a música à banda, nada dessas tarefas que - para um número sempre incomodavelmente grande de pessoas - são completamente fundamentais e vitais.
Mas graças a programas como o LimeWire eu posso digitar no Google parte da letra daquela música legal que eu ouvi no rádio, e então descobrir o nome da banda. Você diria: o Google já pode te dizer o nome da banda, não precisa ir no LimeWire. Mas espertão, você falha, porque não leva em conta que 1) sem programas nos quais eu realmente pego as emepetreizes, eu não teria incentivo para olhar no Google
in the first place, porque meu interesse primário é ouvir a música e não aprender sobre ela para me gabar depois nos círculos sociais; 2) o Google poderá te de dar a letra da banda que faz a versão original ou a mais popular da música, mas só no texto não dá pra dizer se aquela versão é a que você ouviu no rádio.
Mas enfim, os láimeuáires estimulam os tapados por fora, como eu, a descobrir mais sobre certas bandas, e a identificar os nomes das músicas, além de relacionar as mesmas às suas respectivas bandas. E isso é sempre muito saudável.
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Conversar com Luiza e Napoleão num bar cubano sobre inovações em modelos de Ensino Médio; sentar com João, Napô, Beto, Mariana e outros para falar de lendas que só poderiam acontecer em modelos e apresentar o
Guia do Modeleiro das Galáxias; tocar
air guitar nos solinhos das músicas dos Beatles juntamente com uma moçada tão empolgada quanto você; travar bem-humoradas batalhas retóricas tão intensas quanto (e infinitamente mais sofisticadas do que) as de Caco Antibes e Edileuza; fazer parte de uma dupla que interrompe seguidamente um show de talentos para disparar anúncios de utilidade pública tão absurdos quanto hilários; jantar numa churrascaria tendo amarrada no pescoço a bandeira dos Estados Unidos; andar no centro de uma metrópole, na pele de um embaixador americano, enquanto dezenas de guevaristas exortam ódio ao seu Presidente; fazer troça do bairrismo dos gaúchos, os texanos brasileiros; desvendar uma cidade fascinante; fazer novas amizades e viver as antigas.
Isso não chega a ser uma experiência reservada a uma comunidade transnacional; mas que só os membros de uma certa comunidade transestadual a têm, ah, isso sim.
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Hoje é um dia de júbilo para os modelos! Não mais ser Diretor de Comitê do MINI-ONU eliminará a matéria Monografia I.
Motivo oficial: acadêmicos não estão interessados em resolver problemas, e sim em criá-los. Eles tem que problematizar, criticar, fazer análises agudas; resolver problemas exige adoção de - em um termo muito bom -
partidos. Por isto, Guias de Estudo não são academicamente frutíferos o suficiente para justificar a eliminação de um trabalho de iniciação científica.
Motivo proposto por alunos cínicos: o Departamento de Relações Internacionais quer faturar mais com a matrícula em Monografia I.
Meu contra-argumento: se o Departamento fosse mesmo maximizador de grana, não teria deixado que o MINI eliminasse Monografia
nunca.
Quem (sem exagero) está com muita raiva: as ratazanas que ingressaram em carreira no MINI-ONU só porque esperavam eliminar Monografia I no futuro.
Efeito mais do que benéfico: xô cachorrada. Foi removido um incentivo para pessoas trabalharem no MINI; quanto menos incentivos, maior será a empolgação média do membro do
staff. Estão abortados os que seriam Diretores sem nunca terem sido delegados
na vida, o que é um indicador
per se de que 1) a pessoa pensa que "modelos são
dead"; 2) a experiência por ela proporcionada não pode ser lá essas coisas - como você vai oferecer bem-feito um serviço que não conhece?
Freakonomics já nos mostra lucidamente: toda estrutura de incentivos está sujeita à corrupção. Corte os incentivos e os ratos saem rapidinho. Subitamente, o MINI-ONU começa a feder um pouco menos.
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A
ingenuity dos americanos, longe de ser ingênua, nunca se cansa de nos trazer ótimas surpresas.
Você, caro leitor, com certeza já ouviu de um guevarista - assumido ou não, mas com coração mais vermelho do que o da Márcia Freire¹ - que os americanos usam inapropriadamente do termo "americano", porque afinal de contas americano é tudo quanté neguím que vive no continente, e não apenas aqueles trezentos milhões que residem em certos cinqüenta estados.
Assim, justifica-se o termo "estadunidense" para etiquetar esse povinho (ô raça!) que O
USA usar
um traço geográfico que perpassa dezenas de países -
o continente - para chamarem a si mesmos como se só eles fossem americanos!
´Bissurdo!
Porém...
Vocês já pararam pra pensar que o Equador, linha que cruza o globo inteiro, também pertence a um montão de países? E que o Equador tem esse nome há muuuito tempo, mas mesmo antes de existirem Estados-nação na América?
And yet...
Yet tem um povinho que se denomina "os equatorianos" como se o Equador fosse só deles! Ora, os brasileiros, colombianos, kiribatis, indonésios, maldivenses, somalianos, quenianos, ugandeses, congoleses (de ambos os Congos), e os nativos de São Tomé e Príncipe são também todos equatorianos, porque seus países são também cortados pela linha do Equador! Que direito é esse que os equatorianos acham que tem? Povinho imperialista! Ô raça!
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¹
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Peixes: