BOMBANDO! Situação ruim na verdade abaixa o crime, em vez de aumentar. Quando o negócio tá osso mesmo, nem arma as pessoas conseguem comprar.
***
´Tem um episódio de
Simpsons no qual vemos um futuro não muito distante mas bastante sombrio: no lugar de árvores de verdade temos hologramas, robôs malucos caminham sobre a terra, e o ensino público é inteiramente dominado por anúncios. Aulas de matemática são dadas assim: "se tiverem três Pepsis e tomarem duas... o quanto irão se refrescar?"
Mas pensando bem, até que não é uma idéia ruim. Patrocínios seriam uma excelente forma de revitalizar o ensino público. E sinceramente, nenhuma publicidade pode ser pior do que o sufocante e hegemônico projeto gramsciano de politização do ensino.
***
Sustento há tempos¹ que os guevaristas tem muita saudade da Segunda Ditadura, mesmo os que eram jovens demais para entender o que estava acontecendo (os filhos dos anos 80). Num texto de Política II que li recentemente, achei o perfeito modelo teórico para pôr em palavras o que eu antes apenas sentia: grupos², criados com determinados objetivos, derivam suas identidades desses objetivos - e seus membros têm grande satisfação em participar deles, visto que servem para situá-los no mundo e conferir-lhes uma sensação de importância. Quando as circunstâncias mudam a ponto de que os objetivos do grupo deixam de fazer sentido, não ocorre uma dissolução imediata dele: pelo contrário, cria-se uma resistência com vistas manter o problema mesmo que motivava a sua existência. Como argumentam Rubin, Pruitt e Kim, o comitê de greve estudantil da University of New York dava significado e
status para centenas de estudantes que estariam de outra forma presos à rotina de ir a aulas e preparar-se para provas. Estes alunos tinham um interesse oculto em manter o comitê funcionando, e, portanto, um interesse oculto na continuação da crise.
Da mesma forma, os líderes militares japoneses que atacaram Pearl Harbor não o fizeram realmente por uma decisão estratégica. Eles sabiam que o que estavam fazendo era extremamente arriscado. Mas estes líderes haviam conquistado suas posições por causa da grande importância para os japoneses da guerra que eles estavam a levar na China e na Indochina. Em 1941 (ano do ataque ao Havaí), os EUA começaram a bloquear o transporte de petróleo a partir do que hoje chamamos Indonésia, o que tornou difícil para o Japão continuar o esforço de guerra. Se a guerra parasse por aí, esses almirantes e generais não teriam tanto mais a fazer. Para manter suas posições, arriscaram o futuro do país numa guerra com ninguém menos que Roosevelt. Arriscaram, e, como todos sabem, perderam feio. MUITO feio.
Assim, não é de se surpreender que exista muita mais saudade da Ditadura entre os guevaristas faficheiros do que entre as famílias Castelo Branco ou Médici. Completamente cegos pela doutrinação esquerdista que receberam na escola e continuam recebendo na Universidade, sempre com a mais firme³ convicção de que o que recebem são debates equilibrados, os guevaristas não concebem uma posição no mundo que não seja altamente politizada. Separam tudo entre o que é revolucionário e o que é reacionário - mas sempre rejeitando o maniqueísmo. Trata-se de muita letargia: pois equivale a dizer: "não devemos separar as coisas entre boas e ruins. Mas que o maniqueísmo é ruim, é!"
Como não podem, como fizeram seus professores e mentores, olhar para a terra da felicidade que era a URSS, os guevaristas rasgam elogios a Cuba - um raio de paiseco que não tem nada a nos ensinar, porque Chile, Costa Rica e "até" a Argentina são mais desenvolvidos que a ilha de Ruz, sem para isso terem que continuar suas ditaduras até hoje: enquanto a redemocratização há anos espalhou-se pelo continente, na ilhota ainda sobrevive o
paredón.
Paralisados, sufocados, desnorteados (ou
dessulizados, porque têm mania de Sul-Sul), só resta mesmo aos guevaristas curtir a vida no bem-bom, promover encontros em Porto Alegre e sentir no peito aquela angústia nostálgica de saudades da Ditadura.
***
Sim, o texto
full-fledged é sintoma de tempo extra. Aleluia!
Em tempo: assistam
Batman Begins. A conclusão, para os que têm que levar todo filme para a realidade imediatamente aplicável (os idiotas) é uma só: precisamos de um herói mascarado em Brasília.
E outro em São Paulo, Rio, BH, Vitória, Salvador (esse ia dar umas porradas naquele gordo!), São Luís, Santo André, Ouro Preto, Porto Alegre, Cubatão, Lafaiete...
¹
Eu ia escrever "sempre sustentei", mas não seria verdade.
²
Eu ia escrever "grupos sociais", mas como detesto o adjetivo "social", preferi evitar. Imagino que o propósito da frase não tenha sido prejudicado por isto.
³
Eu ia escrever "mais pura conviccção", mas evidentemente estamos diante de uma convicção que nada tem de "pura", a não ser talvez pura babaquice.
Peixes: