REINO UNIDO
Trabalhar para o British Council é uma experiência muito divertida. Você conhece pessoas legais, entra em contato com as universidades, e ouve várias vezes as mesmas piadinhas - de pessoas diferentes - ao longo do dia.
Meu trabalho, por exemplo, envolvia - dentre outras coisas - distribuir camisetas para visitantes da Feira de Educação Britânica que preenchessem corretamente um questionário de avaliação dizendo o que tinham achado do evento. Repetidas vezes homens um tanto acima do peso¹ perguntavam, ao receberem uma camiseta "G", se havia uma outra maior. E repetidas vezes respondíamos a verdade: "além dessa temos apenas a
baby-look". E - sem exceção! - todos eles diziam, sorrindo, algo do tipo "ah, acho que a
baby-look não fica bem em mim não" ou olhavam para outras pessoas que estivessem com ele e falavam "é, acho que a
baby-look vai ficar o máximo em mim, não acham?".
Como se fossem os reis do humor.
Também na feira, logo após me apresentar, já tinha gente me chamando de "DVD".
Como se fosse o esplendor da originalidade.
Dia desses² fui numa festa cheia de cinzas. Lá tinha uma turma que eu já conhecia, mas que jamais havia me convidado para uma festa antes ou para sair. Eu só fui por causa de toda uma série de eventos, que não cabem aqui ser explicados.
Mas acontece que lá tinha uma menina chamada Flora. E ela falava que inúmeras vezes pessoas haviam se aproximado dela e perguntado: "você tem uma irmã chamada Fauna?" Como se fossem as pessoas mais espirituosas do mundo.
Felizmente, meu amor à originalidade não é tão chato que me impeça de adorar essas piadinhas óbvias. Mesmo as mais bobas.
Exceto, é claro,
aquela: nem me venham com
trocadalho do carilho.
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Sim, precisamente, mas se eu contasse aí vocês saberiam.
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Eu vou ser sincero com vocês³. Eu sempre achei meu irmão, 26, melhor que eu. Não melhor em termos morais, claro; mas melhor em ficha de personagem mesmo. Claro, eu sou infinitamente mais criativo que ele, meu inglês é bem melhor, escrevo melhor - mas ele é formado em Medicina, dirige, tem namorada firme, e durante minha infância herdei muitas coisas dele - os personagens favoritos no videogame, o gosto musical (exceto por coisas que ele abomina e eu adoro, como música de videogame e Scatman John), essas coisas.
Mas hoje, felizmente, acabou-se tudo isso.
Ele foi para a Universidade com uma camisa do Che Guevara.
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Tive hoje uma idéia para uma campanha publicitária que nunca existirá, porque é extremamente inviável. Mas é legal.
É das avenidas de Belo Horizonte.
Em uma página de revista, encontramos uma foto do professor Cristiano carregando um machado.
Em outra, várias fotos da Bia exibindo os músculos.
Outra ainda mostra um monte de guerreiras semi-nuas montadas em cavalos.
Em outra, uma setinha aponta para a figura de um professor, e outra para vários códigos morais.
Em outra, desbravadores do Brasil, com facões e mosquetes.
E assim por diante.
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Tive hoje também uma idéia para outra campanha, mas essa eu ainda não posso contar, e, ademais, poucas pessoas vão achar graça. E por
poucas quero dizer
umas quatrocentas.
***
- Sua amásia tem amazia!
- Hem?
1
Implícita está a palavra "ideal". Ningúem pode estar acima do próprio peso, na verdade.
2
E não "outro dia" ou "outro dia desses".
³
Frase estúpida, pode implicar que a pessoa não é sincera em outros momentos, deveria ser aceita como default.
Peixes: