A VERDURA SEM PAR DESTAS MATAS
Você já se surpreendeu cantarolando uma música que outra pessoa cantarolou poucos minutos antes? Este é um fato social deveras intrigante - e nada discutido.
Da mesma forma, é muito bom quando você vê alguém cantarolando uma canção que você mesmo cantou apenas algumas linhas alguns momentos antes.
Fazer uma música ficar na cabeça das pessoas é desses prazeres que Amelie Poulain gosta, e que Carlos Drummond de Andrade enumerou tão bem.
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A falta de imparcialidade dos veículos de comunicação é denunciada por eles mesmos livremente, num erro primordial e bobo - semelhante ao da criança que, ao se vestir de fantasma, esquece de cobrir os pés com o lençol.
Falo aqui do espaço oferecido pela
raça jornalista¹ para veicular opiniões de seus consumidores - sejam leitores ou telespectadores. Invariavelmente - seja o veículo a
Superinteressante ou a CNN - sempre há frases como "as opiniões emitidas nessa seção não traduzem necessariamente a posição da revista", ou "as idéias aqui expressadas não necessariamente são compartilhadas por esta empresa", ou o quer que seja.
Ora, isto claramente denuncia que o veículo em si
tem opinião própria, pois afinal² não poderia se preocupar em isentar-se de opiniões alheias se ele mesmo não defendesse coisa alguma.
Não são necessárias grandes denúncias sobre a falta de imparcialidade da raça jornalista nas salas de aula. Ela mesmo se entrega.
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O título deste texto, além de pertencer a famosos versos, acaba servindo, em determinado contexto, para se referir a três pessoas da minha sala de Internações Relacionais. Quem conseguir decifrar o mistério ganha um parabéns.
¹
Para os iniciantes neste blog: raça jornalista
é termo cunhado por mim para substituir um asqueroso lugar-comum, aquela palavrinha de cinco letras começada com "m".
²
Temos aqui um pleonasmo - o "afinal" bastaria, sem precisar do "pois".
Peixes: