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sábado, setembro 11, 2004
 

AQUILO

Rasgando violentamente o céu e o concreto, um avião atinge com impacto fulminante um edifício de cento e tantos andares, ao lado de outro que já sufocava num incêndio avassalador. A cena é assistida por milhões de pessoas nos cinco continentes.

Hoje é o terceiro aniversário de um dos dias mais importantes da História, a mais memorável e triste terça-feira das últimas décadas - uma coreografia espetacular que custou três mil vidas.

Tendo de início ensaiado um esforço de solidariedade e combate aos verdadeiros vilões, a sociedade internacional desviou-se para outro caminho. Dois são os tristes efeitos gerados pela terça-feira.

Primeiro, acostumou o mundo com o horror, amaciando os impactos das carnificinas que se seguiram. As mortes em Bagdá, em Moscou, em Madrid, em Beslan, em Jacarta, embora acolhidas com luto, nem de longe despertaram o interesse que merecem - ou ao menos o interesse que teriam se aquela terça-feira tivesse sido um dia mais tranquilo. A capacidade de se horrorizar é uma das características humanas mais saudáveis - e estamos perdendo-na.

Segundo, fortaleceu ainda mais o anti-americanismo, em especial no Brasil. Não mais interessa se são sempre os inocentes a pagar com suas vidas os espetáculos dos terroristas, não interessa se brasileiros morreram naquela terça-feira, não interessa se Sérgio Mello pagou com sua vida a causa dos que querem Hussein de volta. Nos horrorizamos muito mais com o ataque do padre irlandês ao maratonista do que com o ataque do terrorista iraquiano ao diplomata. O Brasil é cada vez mais simpático aos terroristas islâmicos, pouco se lixando em avaliar o que aconteceria se fosse dado a eles tudo o que querem. Ao mesmo tempo em que se critica a visão maniqueísta de Bush, enxerga-se no terror o Davi que irá derrubar o Golias gringo.

E quanto mais se fala daquele dia, quanto mais se repete o nome daquela data (que aqui decidi chamar simplesmente de "terça-feira" ), quanto mais analisamos suas repercussões, mais nos distanciamos daquele peso no coração que sentimos quando vimos pela tevê alguém se jogando do prédio em chamas.
 

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