O FUTURO DO FUTURO
A vida é cheia de escolhas.
Hoje, por exemplo, eu tive de fazer uma duríssima escolha: a qual dos cargos me candidatar para trabalhar na MINI-ONU, a simulação secundarista da ONU feita pelo curso de Internações Relacionais da CUP-Minas.
Tentou-me o mais divertido, Voluntário de Comitê - auxiliar os delegados (e delegatas!) na condução dos debates, ouvindo as discussões e aprendendo sobre o tópico.
Indicaram-me o mais trabalhoso, Voluntário de Logísitica- montar pastas, carregar caixas de água, entregar crachás e fazer as coisas acontecerem.
Falaram-me sobre o mais misterioso, Voluntário Acadêmico - participar das situações de crise.
Mencionaram-me o mais administrativo, Voluntário Administrativo - fazer telefonemas, mexer com computadores, outras tarefas.
E têm também a parte jornalística da coisa, a qual me soou em sintonia com meus interesses. Por outro lado, já terei Jornalismo mais do que suficiente no meu curso na UFMG.
Após ter "certeza absoluta" de três dos cargos, decidi afinal por Voluntário Administrativo. Entretanto, é impossível deixar de sentir o
trade off. Os outros cargos também me são fantasticamente atraentes - o que é bom, pois significa que estou no curso certo. Qualquer uma das subcarreiras dentro da carreira de Internações Relacionais me parece divertida e também ótima fonte de aprendizado.
Obviamente, não sei se fiz a
melhor das escolhas, e talvez nunca saiba. Mas tenho certeza que fiz a escolha
certa.
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As propagandas nas épocas do Dia das Mães e do Dia dos Pais incluem, invariavelmente, a tal da retribuição. "Retribua a(o) seu(sua) pai/mãe toda a generosidade/carinho/dedicação/etc."
Mas essa retribuição não perde um tanto o sentido quando lembramos que ela acontece todo ano? Sempre pensei em retribuição como algo que se faz para nunca mais ter de se fazer. Ainda que a retribuição seja realizada gradualmente ou em partes, uma vez feita as partes envolvidas ficam quites, e não há mais necessidade de se continuar a interação.
Retribuir ao seu pai ou a sua mãe significa não precisar
retribuir nunca mais. A Publicidade precisa dum outro verbo.
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As pessoas podem ser muito negativas. Com uma única frase ou pensamento, podem desprezar, menosprezar ou classificar negativamente um grande conjunto de coisas. Por exemplo, podem dizer que os blogs são todos inúteis; ou as mulheres são todas más motoristas; ou que RPG é coisa de nerd; ou que a TV é um lixo e nela não há nada de bom.
Da mesma maneira que nos surpreendemos com a negatividade de uns e outros, nós mesmos de vez em quando somos muito negativos. Eu mesmo alterno entre momentos de extremo bem-estar e otimismo com considerações pesadamente negativas e/ou agressivas acerca dos mais diversos assuntos. O negativismo nos ajuda sentir melhor: afinal, se
isto está claramente errado e
eu não faço
isto, então
eu não sou uma pessoa tão ruim assim. Quanto mais coisas erradas que
eu não faço eu achar, melhor pessoa parecerei para mim mesmo.
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O que apenas me leva a pensar que
pensar não passa da auto-imposição de preconceitos. Por mais que reflitamos sobre um assunto, não se esgotarão as possiblidades - portanto, formulamos alguns preconceitos que nós mesmos criamos, assumimos umas considerações que nós mesmos ponderamos e
voilá - eis uma dissertação da qual nos orgulhamos por ser esclarecida.
Esclarecida o cacete. Nossas dissertações são inerentemente falhas porque é da natureza do próprio pensamento criar preconceitos e assumir coisas não-verificadas. Como romper essa limitação?
Redissertar, reconsiderar, e reavaliar não me parece o suficiente. Todas essas tarefas envolvem erros inevitáveis.
Pensar não é uma das belas artes.
Pensamos simplesmente porque a alternativa (parar de pensar) está fora de questão.
Peixes: