DESFALQUE
O IBES¹, meu grupo de trabalho no curso de Internações Relacionais, sofreu um desfalque. Perdemos a Mulher-Maravilha, que trancou o curso para fazer um estágio à tarde. Uma pena, uma notícia séria. Além de perdermos uma importante aliada no combate ao crime e às forças do mal, sem a Rúcula² ficamos agora com apenas uma garota na equipe. O nosso esconderijo secreto - uma fortaleza no espaço sideral com uma belíssima vista da Terra - corre o risco de ficar com cheiro de vestiário masculino.
E para quem não está entendendo nada: meu grupo de trabalho, por ter sete pessoas, identificou várias listas de sete coisas (pecados capitais, dias da semana, etc.) com cada um dos sete membros. Isso inclui a Liga da Justiça, formada por sete heróis. A garota que trancou o curso era a Mulher-Maravilha. Eu, claro, sou o Batman. E, ao contrário do que disseram alguns freqüentadores do blog, não tenho nem pretendo treinar um Robin.
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Fui num churrasco hoje. Foi divertido. Mas lá constatei algo sério, que gerou conversas pelo ICQ sérias porém inofensivas com colegas do curso.
Basicamente, notei uma consolidação da polarização da sala em três grupos: a primeira turma, a segunda turma, e os que não fazem parte de nenhuma delas (por opção mesmo, na verdade). Uma outra teoria diria que existe de fato um terceiro grupo, um tanto mais difuso; mas certamente não mais que isso, e com certeza existem os que não estão em nenhuma turma - o que não quer dizer que sejam anti-sociais. Na verdade muito pelo contrário, porque os realmente sociáveis se relacionam com todos, e não se pode dizer que preferem este ou aquele grupo.
Isto posto, confesso que notar a consolidação dessa polarização chegou a me preocupar, de fato. A separação de uma sala que necessariamente nasce homogêna em três ou mais grupos pode gerar sérias conseqüências, se o processo se fortalecer durante quatro anos inteiros. Uma cerimônia de formatura não seria realizada com dezenas de alunos que se sentem confortáveis na presença uns dos outros, mas sim com a formação de rodinhas
quase que totalmente incomunicáveis umas com as outras. Isto é, certamente, totalmente adequado para uma formatura dum Dom Silvério, com seus quase quatrocentos formandos; mas não para uma turma que nasceu com sessenta alunos e provavelmente não formará mais que quarenta, conforme as estatísticas. Essa polarização (em termos mais simples, a criação da
panela, dos que
não são da panela e dos que
não estão nem aí) certamente pode trazer situações desagradáveis.
Enretanto, após ponderar sobre a questão, e especialmente após conversar com amigos, eu decidi que afinal não estou diante de um problema. Ninguém pode muito menos têm o direito de impedir a formação de subgrupos dentro de um grupo, e na verdade não seria saudável. Por menor que seja uma turma, sempre haverão subcírculos de afinidade. É na verdade através da formação de subgrupos que as coisas acontecem. E é através do menor subgrupo possível - o par - que se realiza o maior presente da Natureza e o maior dom da Humanidade, que é o de amar.
Assim sendo, preocupar-se com essa questão seria não apenas pouco saudável, mas pouco produtivo - e portanto nada inteligente. No final das contas, vale a máxima de Lennon e McCartney, e neste caso dou ênfase que realmente eu
mean what I say quando digo que
I get by with a little help from my friends,
I get high with a little help from my friends.
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¹
Investigadores do Bem Estar Social, grupo de estudantes que leram Adam Watson.
²
Rúcula é o apelido mais famoso de Carolina "Mulher Maravilha" Macedo.
Peixes: