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quarta-feira, junho 23, 2004
 
EXAGERADO...

Muitos textos não vão direto ao assunto. Eles hesitam. Dão uma engambelada antes de partir para as idéias. Um preâmbulo. Uma introdução antes da introdução, um prefácio antes do prefácio. A enrolação primordial.

São aqueles textos que terminam seus primeiros parágrafos com "senão, vejamos". Ou ainda, "sem mais, blábláblá." Sendo que o blábláblá pode ser vamos ao assunto, lancemos-nos ao objetivo desta, ou explico-me.

A enrolação, ao contrário do que acredita o senso comum, não é uma coisa ruim (na verdade, uma de minhas atividades favoritas é denunciar as terríveis falácias do senso comum - não aquelas monstruosidades óbvias - mas aquelas que passam despercebidas, que usamos em nossas conversas do dia-a-dia, e que, de repente, a inspiração me faz perceber o quão são perigosas).

A enrolação, é muitas vezes, a força motriz do pensamento. A faísca do encadeamento de idéias que virá a seguir. Com efeito, a enrolação é muitas vezes a mera reapresentação do que o autor estava pensando no momento em que teve a idéia. Se muitas vezes as idéias nos atingem de supetão, no meio de uma atividade que pouco nos exige do pensamento e portanto pouco ou nada tem a ver com o que estávamos fazendo¹, muitas vezes ela nos vêm quando estamos refletindo sobre algo, e a idéia, linda, nova, fresquinha, nos aparece como corolário daquele pensamento, como os frutos emergem naturalmente das flores. E é natural que esse pensamento que deu origem à idéia seja apresentado em um texto - sob a forma de enrolação no primeiro parágrafo.

Não pode haver jamais um "processo criativo", nem uma idéia que surge forçada. As idéias vem naturalmente. Que há idéias que surgem sob pressão, é inegável - mas essa pressão é necessariamente externa. Ninguém pode se forçar a ter uma idéia. Ou melhor, pode, mas não vai ter. Idéias não podem ser construídas. Elas são, necessariamente, impulsos.

É claro que há meios de favorecer o surgimento de impulsos novos. Expor-se a cultura é um deles. Ler, ver filmes, conversar, conhecer pessoas novas, debater.( Tenho uma analogia terrível para isto, a qual deixarei para o pé de página para não poluir o texto com mais um cedeísmo²). Mas também é preciso escrever. O feedback que tenho recebido no DOIDIMAIS CORPORATION vêm fortalecendo a tese de que quanto mais se escreve, mais idéias se têm. A visualização das idéias, em papel ou na tela, exige uma organização do que está na cabeça e induz a um encadeamento de umas coisas nas outras. Mas este processo não é como construir partes de um prédio na cabeça e depois encaixá-las nos lugares certos. É mais como o lento tecimento de uma teia, na qual vamos descobrindo que o toque num ponto faz um outro, muito distante, tremer.

O processo é lento, sempre incompleto, e cheio de falhas. Mas é uma das coisas mais emocionantes que se pode experimentar.

***

Fui hoje ao cinema com alguns bons amigos assistir a Cazuza - O Tempo Não Pára. É divertido. Na última vez em que fui assistir a um filme brasileiro na sala 6 do Bê Agá, foi numa ocasião bem diferente. Mas estes tempos se foram agora; e queira o Destino que no futuro não deixem mais a saudade que hoje impôem.

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Gente, não tem mulher mais bonita do que a vocalista do Black Eyed Peas. O quê que é aquilo!

***

E se alguém me chamar de Artur Xexéo, eu cuspo.

¹Um bom exemplo disto está em meu texto "A Solução", disponível neste site. Tive a idéia enquanto lia Harry Potter e a Ordem da Fênix.

²Basicamente: a mente é como um liqüidificador. Podemos colocar todos nós os mesmos ingredientes, já que estão no supermercado o leite, as frutas, et cetera. Mas cada um tem um liqüidificador diferente.
 

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