A PERSISTÊNCIA DO CALOR
Sabe quando você está andando na rua, ouve uma voz, vira-se para ver o que foi e não percebe nada? E fica pensando que foi a sua imaginação?
Pois hoje eu descobri exatamente o que explica este fenômeno. Pois eu vivi o outro lado da experiência.
Eu estava subindo um trecho de asfalto para entrar na CUP-Minas quando de repente me descobri
pensando alto (os mais tolos chamam isso de
falar sozinho¹). Eis quando um velho, a cerca de um metro ou menos de mim, vira a cabeça em minha direção, sem parar de andar. Antes que ele complete o movimento, eu cesso completamente a fala e continuo andando para frente, como se nada tivesse acontecido. Certamente logo depois disto o velho coçou a cabeça e continuou andando.
Naquele exato instante, veio-me o
eureka! típico que gera as minhas idéias para textos. Em um nanossegundo, um neurônio enviou um sinal elétrico para seus vizinhos, que fizeram o mesmo com os vizinhos deles, e assim por diante - e no mesmo momento a conexão estava pronta, a idéia formada. Isso explica tudo, todas aquelas vezes, pensei.
Ouviu alguma voz? Não identificou a fonte? Pode estar certo que foi aquele doidinho ali, que passou reto como se nada tivesse acontecido, num momento especialmente inspirador.
É claro, esta conjectura não resolve o problema de quem ouve vozes fora de lugares públicos - quando não há, de fato, ninguém por perto...
Mas você, caro leitor, não é uma dessas pessoas... é?
***
Hoje estive num fascinante debate sobre o que é melhor: filtros de barro ou galões de água. A melhor invenção de todos os tempos - o bebedouro - estava fora do debate, primeiro porque é
hours-concours e segundo porque gasta energia elétrica. Falávamos do melhor custo-benefício para orçamentos modestos - no caso, o quê comprar para o primeiro apartamento - seja morando sozinho ou com
roomies.
Os galões de água apresentam suas vantagens. São capazes de encher um copo mais rapidamente do que as modestas torneirinhas dos filtros de barro, e além disso não existe "espera para filtrar" neles - o
lag dos filtros. Por outro lado, parecem ser uma opção ligeiramente² mais cara. Ademais, os apoiadores desta visão argumentaram que bom era usar a água do galão para encher um recipiente que é deixado na geladeira - argumento este que provou-se fatal, visto que enquanto eles tinham de recorrer a um aparelho que consome energia elétrica, os usuários de filtro têm água fresca sem tal artifício - pois o barro usa a própria água para refrescar a água.
O filtro, além de não requerer compra constante de novos galões - tirar água da torneira é infinitamente mais barato e não requer sair de casa para ir comprar - confere todo um charme especial à cozinha. Tudo que se deve fazer é lavá-lo umas duas vezes por ano. De
trade-off em
trade-off, o filtro ganha do galão com toda a certeza.
Mas, excetuando-se o bebedouro, bom mesmo é a moringa.
***
Guardar todos os comentários de um blog ou cartas recebidas por um jornal e fazer uma cópia de segurança, como chama?
Exato. O BACKUP do FEEDBACK.
***
Mas divertido mesmo é narração de histórias com viagens no tempo.
"Enquanto isso, dois dias depois..."
***
¹
E os cínicos chamariam de eufemismo.
²
Se "ligeiro" significa "rápido", nunca houve motivo para que "ligeiramente" significasse "com pouca intensidade". Mas vá lá - o hábito faz o clérigo.
Peixes: